Mart'nália | Sou Assim Até Mudar [Álbum] + [MP3 320 Kbps]


Sou Assim Até Mudar
Mart'nália
MPB • 2021


Num diálogo sobre a alta qualidade de certa geração de cantoras de samba, ao ouvir o guitarrista Pedro Sá levantar o nome de Mart’nália, Caetano Veloso riu e respondeu que ela não contava, porque ela é “o samba em pessoa”. Mais do que um elogio, a frase traz uma constatação. Mart´nalia não é uma “cantora de samba”, no sentido de ser simplesmente uma intérprete que se dedica ao gênero. Na verdade, ela carrega, como poucos, o samba na voz, no corpo, no pensamento, na fala que chia no sorriso, no andar, no modo de existência que defende em cada ato. Na música e fora dela, aposta na alegria como enfrentamento. Encarna em si o tal “grande poder transformador”, “filho da dor” e “pai do prazer”, como o próprio Caetano já descreveu o samba.

          Nada expõe isso melhor do que o título de seu novo disco: “Sou assim até mudar” (Biscoito Fino). Sendo assim até mudar, o samba atravessou mais de um século de sofrimento e prazer pra chegar como chega aqui: carregado de Sapucaí e de baile black, de Copacabana e de Salvador, de doença e de vacina, de veneno e de sonho. Mart’nália pura — ou melhor, impura.

          O álbum traz na sua origem — como tudo que foi gerado nos últimos meses — a marca da pandemia e da quarentena.

          — Estando em casa, com mais tempo, você começa a se olhar, se dar conta que não sabe quando vai rever seus amigos, que tudo mudou... — lembra Mart’nália. — Quando faço um disco, por exemplo, penso em tocar as músicas no show que faço todo verão no Circo Voador. Não ia ter isso agora. Arthur Maia, que sempre começava a pensar meus discos comigo, não está mais aqui (o músico morreu em 2018). Aí você entende que nunca é como era, a vida muda o tempo todo, a gente muda pra continuar o mesmo, ou não, você pode nunca mais ser o mesmo. E tudo bem. Não tem como ficar preso às coisas, às certezas. Então quis fazer um disco sobre isso tudo, mas bem livre, pensando mais na música, no som, pras pessoas ouvirem em casa e serem felizes.

          Filho da dor, pai do prazer. A leveza de que Mart’nália fala se afirma no disco na sonoridade de graves recheados e grooves cheios de suavidade carioca — sob produção de Zé Ricardo, que  assina também, ao lado de Mauricio Piassarollo, os arranjos do disco. A afinidade entre o produtor e a cantora atravessa o trabalho:

          — Como Arthur, Zé Ricardo entende meu lado black, minha mistura. Fiquei confortável de estar com ele, e de alguma forma, a presença do Arthur esteve nesse nosso encontro — conta Mart’nália.



Banana Pop

Este é um perfil coletivo onde outros administradores usam para colabora com o site.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato